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Gilsons voltam aos palcos e conhecem público conquistado na pandemia
Música
Publicado em 12/05/2022

“Há de nascer / Um novo amanhã / Pra gente acordar / E dançar”, canta Francisco Gil, ou o “Fran”.

São poucos minutos depois das 21h. As luzes se acendem no teatro Paulo Autran do SESC Pinheiros, na capital paulista, para revelar Fran no centro do palco, com João e José Gil lado a lado.

Após viver uma escalada súbita de popularidade durante a pandemia, mas passar o maior tempo desse sucesso presos às interações virtuais, os Gilsons – trio formado por um filho e dois netos de Gilberto Gil – aos poucos começam a conhecer os fãs que acumularam durante a pior fase da Covid-19.

Só no Spotify, o número total de streams nas músicas saltou de 2 milhões para 206 milhões entre o momento pré-pandemia e o atual.

 

Gilsons se apresenta em noite esgotada no SESC Pinheiros, em São Paulo, no dia 7 de maio de 2022/ Léo Lopes

Os primeiros versos cantados no show são de “Pra Gente Acordar”, música que abre e também dá nome ao álbum de estreia do trio.

A música, que canta a esperança de um amanhã “sem que nada possa nos machucar”, não foi escrita exatamente para a pandemia. Mas a interpretação veio a calhar com o tempo e deu força à canção.

 

Em um camarim do SESC Pinheiros, poucos minutos antes de subirem ao palco, Fran e José conversaram com a CNN sobre a trajetória do Gilsons, o ciclo de lançamento do álbum “Pra Gente Acordar”, o reconhecimento que o projeto ganhou ao longo da pandemia e o atual momento da banda.

Dos verões na Bahia ao bar na Gávea

Mesmo que o Gilsons, como um projeto musical em si, só tenha surgido em 2018, as primeiras interações musicais entre os três começaram ainda na infância.

A foto que ilustrou o primeiro lançamento da banda, o EP “Várias Queixas”, de 2019, “resume bem aquela época”, disse José Gil, que é o filho caçula de “seu Gilberto”, como o chamam.

A capa mostra os três, ainda crianças, brincando entre si como se estivessem fazendo um show, no sítio/casa de campo da família Gil em Araras, bairro de Petrópolis, na serra fluminense.

 

 Capa do EP “Várias Queixas”, lançado em 2019, mostra Francisco, José e João Gil juntos no sítio da família em Araras, na cidade de Petrópolis, na serra fluminense/ Gilsons/Reprodução

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 Quatro anos depois, José foi convidado pelo produtor cultural Luciano Strazzer a se apresentar em um bar na Gávea, na zona sul da capital carioca. Ele lembra que o show faria parte de uma série de performances no local que reuniam artistas.

“Teve Tom Veloso com Zé Ibarra, Dora Morelenbaum e Julia Mestre, uns encontros bem legais. E eu não tinha repertório para fazer um show sozinho, então falei: ‘Pô, vou chamar o Fran pra dividir’. Acabou que, nos ensaios, a gente acabou chamando o João”, disse José.

“Porque nós dois também não tínhamos repertório pra um show inteiro. [Risos] Foi chamando gente até formar uma hora e meia de show”, brincou Fran.

A apresentação no Dumont Arte Bar aconteceu em abril de 2018, com os três cantando e tocando violões. Ali já surgiu a versão de “Várias Queixas”, do Olodum, que se tornaria um dos maiores hits deles no futuro, além da autoral “Love Love”

“Desse show já surgiu o interesse da galera por “Várias Queixas”. A gente sentiu que a música poderia ter uma vida fora desse show”, contou José.

Ele explica que a produtora cultural Andrea Franco, que hoje é empresária da banda, deu a ideia de gravarem um primeiro EP e “botou pilha” assim que a apresentação acabou.

Aliás, mal tinha acabado o primeiro show, e o projeto já tinha nome. A ideia veio da mãe de Fran, a cantora Preta Gil.

“Foi uma turma da família no show. Aí o pessoal mandando vídeos no grupo da família e tal. Minha mãe já falou: ‘É Gilsons.’ [Risos] A gente saiu do palco já estava lá o abaixo-assinado da família”, relembrou Fran. “A gente achou estranho, mas no segundo show a gente já era Gilsons”, completou.

Enfim, em novembro de 2019, o EP “Várias Queixas” é lançado. Além de “Várias Queixas” e “Love Love”, que já tinham sido testadas e aprovadas desde o primeiro show.

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